Dorival cresceu em meio ao lixão, onde
trabalhava com a família, e trilhou um caminho diferente das estatísticas da
periferia
“Hoje acordei e fiquei pensando. Doutor. Será
que é isso mesmo? Ainda não caiu a ficha”.
As palavras de Dorival Gonçalves Santos
Filho, 35 anos, um dia após receber o título de doutor em Linguística pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), resumem o sentimento do
professor que aprendeu a ler em casa com a ajuda da mãe e por meio dos livros
que achou no lixo.
Dody, como é chamado, cresceu em meio ao
lixão na cidade de Piedade, em São Paulo, a 90 quilômetros da capital paulista.
Era de lá que a mãe tirava o sustento da família e onde Dorival começou a
trabalhar muito cedo ao lado dos irmãos. Ainda pequeno, ele se apaixonou pelos
livros e ficava encantado ao ouvir as histórias que a mãe contava. Foi dona
Crélia, a maior incentivadora do filho, quem sempre deu forças para Dorival
continuar e chegar aonde chegou.
– Muitas vezes eu pensei em desistir, desde a
época da graduação. Eu não tinha celular para conversar com a minha família,
mandava carta pra minha mãe falando que não sabia se ia conseguir. E ela dizia
“claro que vai, eu vou ver o que posso fazer pra te ajudar”. A gente já era uma
família pobre, humilde, e ela ainda tentava dar um jeito pra me ajudar.
Na última sexta-feira, quando Dorival
conversou com a Hora, ele ainda nem tinha conseguido falar com a mãe, que mora
em Guaramirim, no norte de Santa Catarina, e que não pode vir para a Capital
por problemas de saúde.
– É um momento de dedicação para minha
família, pois sem eles essa caminhada não seria possível. De uma forma ou de
outra eles sempre me ajudaram.
Para Dorival, além da vontade e o incentivo
da mãe, outros fatores ajudaram a chegar até aqui. O fator determinante,
segundo ele, foram as oportunidades e incentivos do governo.
Fonte: Hora de Santa Catarina
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