Lideranças do setor agropecuário repercutem
decisão de americanos de suspenderem importação da carne depois de altos
índices de má qualidade.
Uma notícia nada animadora para os produtores
da carne bovina fresca brasileira chegou ao país na última quinta-feira 22.
Através de pronunciamento, o secretário de Agricultura dos Estados Unidos,
Sonny Perdue, anunciou a suspensão da importação da carne tupiniquim para o
país americano. A justificativa utilizada pelo governo estadunidense foi a de
que o índice de qualidade do produto canarinho havia passado – e muito – da
média mundial, deixando os materiais impróprios para o consumo humano.
De acordo com os números apresentados por
Perdue e idealizados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, 11%
dos produtos de carne fresca brasileira que chegaram ao país estavam com nível
de qualidade baixo, o que representa um acréscimo de 10% na média de rejeição
(estipulada em 1%), que considera todos os demais produtos de carne bovina
importadas pelo país através de outras partes do mundo. Vale lembrar que os EUA
era um mercado novo da importância de carne brasileira (os repasses começaram a
ser feitos em julho/16).
Diante do fato, o Agora Jornal procurou ouvir
lideranças do Rio Grande do Norte para comentar o impacto que a suspensão da
importação americana trará aos produtores potiguares. Para o secretário
estadual de Agricultura Guilherme Saldanha, a medida tomada pelo governo
americano vai fazer com que as pessoas responsáveis pela produção percam
dinheiro, uma vez que o estoque de carne ficará sobrecarregado, com muitos
produtos à venda, e sem a quantidade de compradores desejadas.
“Infelizmente quem mais vai sofrer com essa
suspensão serão os produtores. Quando há uma medida como essa sendo tomada por
um mercado importante da exportação brasileira, a produção de carne não
diminui. Isso vai gerar uma sobrecarga de material para ser vendido e os
produtores serão obrigados a repassarem por um valor mais baixo. Afinal, não é
interessante para eles manterem um animal pronto para abate pois isso vai
implicar em mais gastos com alimentação, etc.”, declarou o secretário.
Quem também abordou o tema e apresentou visão
parecida com a do secretário foi o presidente da Federação da Agricultura e
Pecuária do Estado do Rio Grande do Norte (Faern), José Vieira. Para ele, o
excesso de oferta e a baixa demanda, sem dúvida alguma, vai resultado no
decréscimo do valor do produto, o que resultará num efeito inverso: enquanto o
consumidor vai se sentir satisfeito, o produtor estará triste pela queda na
arrecadação da carne.
“É uma notícia que preocupa bastante o setor
pecuário brasileiro por que vai implicar numa queda no valor do produto podendo
ir até mesmo ao prejuízo. Vai haver um excesso de oferta muito grande. O setor
já vinha de um momento ruim em razão da denúncia da Operação Carne Fraca e
agora com essa medida tomada pelos Estados Unidos ficará ainda mais abalado.
Resta torcer para que seja uma situação passageira e que logo a carne
brasileira volte a ser exportada para lá”, completou.
JOGO DE INTERESSES?
Na avaliação do presidente da Faern, a
decisão de suspensão da importação da carne brasileira tomada pelo governo
estadunidense na semana passada se deu, antes de tudo, por uma questão
econômica, e não apenas pelo índice alto de má qualidade encontrado na análise
feita. De acordo com Vieira, os produtores americanos estavam insatisfeitos com
a importação da carne brasileira desde que o acordo foi firmado em julho do ano
passado entre as gestões federais.
Ainda segundo o pecuarista, pelo fato do
produto tupiniquim ser “melhor e mais barato”, isso gerou um processo
‘ciumento’ nos produtores locais, que fizeram sucessivas investidas na
tentativa de barrar a chegada do produto canarinho em solo americano. “Acredito
que foi uma decisão muito mais econômica do que propriamente sanitária, como
justificaram. Historicamente, os EUA sempre foi o maior concorrente do Brasil
na exportação de carne e a chegada do nosso produto por lá não agradou aos
produtores locais. Penso desta forma”, concluiu o presidente.
Atualmente, o Rio Grande do Norte vem
encontrando dificuldades para exportar a carne produzida pelos potiguares. De
acordo com Guilherme Saldanha, o Estado tem, nos dias de hoje, apenas um
abatedouro legalizado em todo seu território e está sem novos investimentos no
ramo há 10 anos. O problema, no entanto, deverá ser solucionado até o final do
ano, quando cinco novos pontos serão instalados pelo Governo de Robinson Faria
(PSD) em cidades como Ceará-Mirim, Florânia, Acari, Pedro Avelino e Angicos.
Agora RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário