Essa
visibilidade em horário nobre projeta o nome, a imagem e a ideologia de
Bolsonaro para todo o país.
A
maioria dos atuais 513 deputados da Câmara jamais apareceu nos principais
telejornais das emissoras. Entre os que cavam mais espaço está Jair Bolsonaro,
do PP do Rio. Polemista, ele consegue se manter em evidência com factoides a
partir de declarações bombásticas.
A
cada novo escândalo, o congressista obriga os telejornais a oferecerem valiosos
minutos de exposição na maior e mais cara mídia. Essa visibilidade em horário
nobre projeta o nome, a imagem e a ideologia de Bolsonaro para todo o país. Uma
publicidade gratuita capaz de mobilizar os eleitores propagandistas e atrair
mais simpatizantes.
Há
um problema aparentemente indissolúvel. Não noticiar as polêmicas lançadas por
Bolsonaro seria uma omissão do jornalismo imparcial. Porém, ao fazê-lo, a
imprensa alimenta o personagem. Há outra dicotomia: acender os holofotes sobre
o congressista seria uma tática para denunciar suas palavras e atitudes
consideradas ofensivas e criminosas; mas também contribui para certificá-lo
como representante mais evidente dos que pensam à sua maneira.
Jair
Bolsonaro sabe, assim como qualquer político, que a TV é o palanque mais
eficiente. Alguns segundos no Jornal Nacional geram repercussão gigantesca. E o
melhor: de graça. Basta oferecer uma manchete forte e esperar que a notícia, ou
o factoide, chegue via satélite aos quatro cantos do país — acompanhada da
reverberação em portais de notícias, blogs, redes sociais, YouTube e no velho
boca a boca.
Desde
terça-feira (9) o país discute a frase dita pelo congressista na tribuna da
Câmara, dirigida à deputada e ex-ministra da secretaria de Direitos Humanos da
Presidência, Maria do Rosário (PT-RS): ‘Não estupraria você porque você não
merece’.”
A
questão ética é: a imprensa deve censurar Bolsonaro? As opiniões se dividem. Um
grupo defende que a liberdade de expressão, garantida no artigo 5º da
Constituição, precisa ser respeitada. Sugerem que em caso de manifestações com
teor racista, sexista, ameaçador ou ofensivo, deve-se recorrer à Justiça para
reivindicar uma punição.
Outra
parcela de profissionais defende um boicote da mídia ao deputado. O argumento:
sem o palco oferecido pela imprensa (especialmente o espaço na TV), Jair
Bolsonaro estaria condenado ao ostracismo experimentado pela maioria dos
membros do Congresso Nacional.
É
um dilema da democracia.
Fonte:
Terra
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