Articulações
de bastidores caminham para composição da majoritária com Zenaide Maia e Carlos
Eduardo Alves
O ano de 2025 vai chegado ao seu final e as articulações políticas com vistas à formação das chapas para 2026 começam a ganhar contornos mais definidos. Embora não haja publicização de alguns acordos fechados e composições políticas feitas, as chapas estão em processo de arrumação. Exemplo disso, é a aliança da senadora Zenaide Maia, do PSD, com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, do União Brasil.
A
aliança, que hoje conta somente com o prefeito e a senadora, teria o reforço do
ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, que passaria a compor a chapa
majoritária na condição de segundo candidato a senador, completando a chapa
oposicionista que já tem Allyson candidato a governador, e a senadora Zenaide
Maia candidata à reeleição.
Quem
revelou a informação foi o jornalista Saulo Spinelli, durante o programa 12 em
Ponto, na 98 FM, que uma fonte com trânsito no PSD e na Federação União
Progressista, havia garantido que o convite teria sido feito pelo casal Jaime
Calado e Zenaide Maia, comandantes do PSD no RN, com o aval do prefeito Allyson
Bezerra, que deverá ser candidato a governador pela Federação que junta o União
Brasil, comandado pelo ex-senador José Agripino e o PP, liderado no Estado pelo
deputado federal João Maia.
BASTIDORES
O
ex-prefeito Carlos Eduardo já havia confidenciado a interlocutores que teve uma
conversa com o prefeito de São Gonçalo, Jaime Calado, marido da senadora
Zenaide e que teria havido convite para ele ser vice de Allyson na chapa de
governador ou ser o segundo senador ao lado de Zenaide.
Agora,
a informação reforça que já teria havido aceitação por parte de Carlos Eduardo
para disputar o Senado, cargo que já disputou no pleito de 2022 como o senador
de Fátima pelo PDT e o eleito foi Rogério Marinho, do PL. Naquele ano, Rogério
foi eleito com 708.351 votos, ou 41,85% dos votos válidos, superando Carlos
Eduardo, que obteve 565.235 votos (33,40%), e Rafael Motta (PSB), que ficou com
385.275 votos (22,76%).
Nesse
caso, a chapa considerada independente seria o agrupamento das famílias Maia e
Alves, ambas comandando os três partidos que dão sustentação política ao nome
do prefeito Allyson Bezerra.
PRIMEIRA
ELEIÇÃO
Em
2018, Allyson Bezerra foi eleito deputado estadual pelo Solidariedade e recebeu
20.228 votos, o que correspondeu a 1,20% dos votos válidos. Em 2020, foi
candidato pela primeira vez a prefeito de Mossoró e ganhou a eleição contra
Rosalba Ciarlini Rosado. Num pleito apertado, Allyson obteve 65.297 votos,
correspondente a 47,52% dos votos e a ex-senadora e ex-governadora Rosalba
Ciarlini obteve 59.034 votos, ou 42,96%, o que representou uma maioria de
apenas 6.263 votos (4,56%), num eleitorado de 145.751 votos.
Durante
a campanha em Mossoró, Allyson fez vários discursos contra as chamadas
oligarquias que dominaram a política estadual e também a Capital do Oeste, numa
referência aos Rosados, que dominaram por décadas a política de Mossoró.
Agora,
seus principais apoiadores são oriundos da oligarquia Maia, que vem na política
estadual desde os anos 1970. José Agripino, que preside o partido de Allyson,
entrou na política como prefeito biônico de Natal, indicado pela ditadura
militar e cumpriu mandato de 15 março de 1979 a 15 de maio de 1982, quando saiu
da Prefeitura para disputar o governo do RN e saiu vitorioso contra Aluízio
Alves. Agripino alcançou 389.924 votos (57,58%) e Aluízio obteve 283.572 votos
(41,88%), o que representou uma das maiores vitórias eleitorais, especialmente
pelo fato de que Agripino nunca havia disputado uma eleição e venceu o maior
líder popular do Estado com uma maioria de 106.352 votos.
APOIOS
A
Federação em que está o União Brasil tem também o PP, presidido pelo deputado
João Maia, que foi eleito pela primeira vez em 2006 pelo PL, quando obteve
193.296 votos; em 2010 foi reeleito pelo PR com uma votação de 217.854 votos.
Em 2014 foi candidato a vice-governador na chapa de Henrique Alves e foi
derrotado por Robinson Faria, que venceu o pleito com 54,42%, correspondente a
877.268 votos e Henrique ficou em segundo, com 734.801 votos, ou 45%, o que
representou uma maioria de 142.467 votos.
Em
2018, João Maia voltou a ser eleito deputado federal pelo PR com 93.505 votos e
em 2022 foi reeleito pelo PL com 104.254 votos. Recentemente, deixou o PL e
assumiu o PP no RN e a esposa de João Maia é Shirley Targino, que foi prefeita
de Messias Targino e atualmente é secretária na gestão Allyson Bezerra, em
Mossoró. O outro partido que forma a aliança com Allyson é o PSD, da senadora
Zenaide Maia, irmã do deputado João Maia.
Em
2018, Zenaide foi eleita senadora na chapa em que Fátima foi governadora e
obteve 660.315 votos (22,69%), ficando atrás de Styvenson Valentim, que foi o
campeão de votos para o Senado naquele pleito com 745.827 votos, ou 25,63%. Foi
nessa eleição em que Zenaide e Styvenson se elegeram para as duas vagas de
senador que dois ex-governadores foram derrotados: Geraldo Melo, que obteve
382.249 votos (13,14% e Garibaldi Filho, que ficou com 376.199 (12,93%).
Caso
Carlos Eduardo aceite ser o segundo senador da chapa, será a representação de
parte da oligarquia Alves, que também vem na política desde os anos 1960, com a
eleição do patriarca Aluízio Alves. Carlos Eduardo é filho de Agnelo Alves, que
por sua vez é irmão de Aluízio e tio de Garibaldi Filho, e este último já
governou o Estado por dois mandatos e foi senador da República também em duas
oportunidades.
Portanto,
podemos ter uma chapa com Alves e Maia unidos em torno da candidatura de
Allyson Bezerra, que se elegeu deputado estadual e prefeito de Mossoró sem
sobrenome político ou influência. O discurso contra as oligarquias ou famílias
tradicionais da política potiguar estaria prejudicado pela formação da chapa e
pelos apoios partidários que hoje amparam sua pré-candidatura ao governo do
Estado.
Tulio Lemos

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