Entrevistas da comissão de heteroidentificação
são previstas para março. Cotas étnico-raciais são usadas pela primeira vez na
instituição.
Uma comissão formada na Universidade Estadual
do Rio Grande do Norte (UERN) vai entrevistar e avaliar as características
físicas de 730 candidatos que se declararam negros, pardos ou indígenas para
conseguir vagas por meio das cotas étnico-raciais - usadas pela primeira vez na
instituição em 2020. O sistema foi alvo de polêmica nas redes sociais, por
causa de uma candidata que se auto-declarou parda, mas era considerada branca
por outras pessoas.
De acordo com o pró-reitor de Ensino de
Graduação, professor Wendson Dantas, ainda não cabe qualquer tipo de
investigação sobre as autodeclarações, porque nenhum dos candidatos têm vínculo
formal com a instituição e todos vão passar pela comissão de
heteroidentificação antes da fase de matrículas.
De acordo com ele, caso o grupo considere que o
candidato autodeclarado parto ou negro não se encaixa no fenótipo, ele perderá
a vaga. O caso dos indígenas é diferente, porque não leva em conta as
características físicas e sim descendência e documentações específicas,
inclusive com assinaturas de lideranças do povo de origem.
"Os candidatos aprovados no Sisu têm um
vínculo provisório com a instituição, que é o cadastro, mas eles passarão por
essa comissão antes da efetivação do vínculo, que é a matrícula. Esse trabalho
vai acontecer em março e as matrículas começam dia 1º de abril", afirmou o
pró-reitor.
Ainda de acordo com o pró-reitor, os candidatos
vão responder a questionários e, entre outras características, a comissão
deverá avaliar aspectos físicos como cor de cabelo, nariz, boca e cabelo,
segundo ele. "Tudo será gravado em vídeo. Isso segue as legislações
nacionais", afirmou.
Usadas pela primeira vez na UERN, as cotas
ético-raciais são previstas pela lei Lei nº 10.480/2019, sancionada pela
governadora Fátima Bezerra (PT) em 31 de janeiro de 2019. Até então, a
instituição contava apenas com as cotas sociais, que representam 50% das vagas
oferecidas.
A partir dessa lei, as cotas étnico-raciais
passam a corresponder 58% do total das cotas sociais - a porcentagem leva em
conta os dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), que constatou que 58% da população brasileira se declarava
preta ou parda.
Polêmica
No final de janeiro, uma estudante de Mossoró
foi alvo de críticas nas redes sociais por ter se autodeclarado parda, mesmo
aparentando ser loira. A jovem chegou a gravar um vídeo voltando a afirmar que
era parda e, se aparentava ser branca, seria por causa da maquiagem que usava.
Após a repercussão ela chegou a apagar as contas nas redes sociais.
Segundo o pró-reitor Wendson Dantas, ainda não
cabe investigação sobre o caso porque a candidata ainda vai passar pelo
processo de heteroidentificação.
G1
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