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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Faltam medicamentos, insumos e até papel no maior hospital do Rio Grande do Norte!

Direção confirma que greve da Unicat contribui para desabastecimento do Walfredo Gurgel.
A greve na Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) completou um mês nesta quarta-feira (08) e o desabastecimento dela já superou os 56%, de acordo com o Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte.

Somente nesta semana, 272 medicamentos, dos 484 que são distribuídos para hospitais e população, e outros 26 de alto custo estavam em falta. O problema está afetando ainda o funcionamento do Hospital Walfredo Gurgel, onde faltam desde luvas e gases para curativos até papel para impressões.

Segundo a diretora geral, Fátima Pereira, a greve da Unicat tem atrapalhado bastante o dia a dia do Walfredo, porque a unidade é responsável pela compra da maioria dos medicamentos usados nos atendimentos diários do maior pronto-socorro do Estado.

Ela disse que muitos estudantes e até as próprias universidades que mantém alunos residentes no hospital tem ajudado com máscaras e luvas, que são equipamentos de proteção individual necessários para o trabalho diário. Até mesmo o papel usado durante o expediente tem sido doado.

“Vamos nos virando como dá, da forma que podemos. Todos os dias faltam coisas diferentes, como medicamentos em geral, mas não tenho como dizer qual está em falta hoje porque isso é muito variável. Por exemplo, hoje falta dipirona, mas corremos atrás e conseguimos comprar, aí amanhã falta morfina, fazemos tudo de novo e conseguimos a morfina. E assim vai. Falta uma coisa, e quando conseguimos essa, falta outra, é um ciclo. Também temos comunicação com outros hospitais e pedimos apoio, fazemos trocas de medicamentos e substituição também, sempre que possível”, explicou.

Ela afirmou que o hospital conta com uma verba mensal vinda do Ministério da Saúde, o que seria mais uma tábua de salvação para o hospital e que a proximidade com a mudança de gestão estadual está sendo determinantes para o desabastecimento do Walfredo Gurgel. “Com a proximidade do final de ano e da mudança de gestão, também sofremos com represália dos fornecedores, porque eles têm medo de entregar os insumos e não receber o dinheiro equivalente do novo governo. Esse é outro motivo do desabastecimento do hospital”, disse.

Atendimentos de baixa complexidade atrapalham

A superlotação e os atendimentos de baixa complexidade realizados pelo Walfredo Gurgel também são apontados pela diretora Fátima Pereira como fatores que contribuem para o desabastecimento do hospital, por consumirem parte importante dos insumos e medicamentos existentes na unidade. E que o problema é recorrente em toda a rede estadual de saúde.

“O Estado todo está passando por dificuldades e todos os hospitais estão com variados graus de dificuldades, dependendo da demanda de pacientes atendidos diariamente. O Walfredo é vitrine, então, quando nada funciona lá fora, os pacientes vêm para cá. Ou seja, nós estamos sofrendo um certo grau de desabastecimento por causa da superlotação e eu queria apelar até para os hospitais do interior e municípios para que sejam cautelosos ao enviar pacientes”, falou.

Segundo ela, muitos pacientes vindos de outros municípios vêm com patologias que poderiam ser atendidas naturalmente na própria cidade de origem, como disenteria, erisipela, gripe. “Se isso acontecesse, o Walfredo Gurgel ficaria apenas para o atendimento de pacientes de alta complexidade, que é o objetivo dele. Isso ajudaria a manter o estoque, porque você começa a usar os insumos e medicamentos existentes com pacientes de baixa complexidade e chega um dia que falta para os de alta complexidade, que necessitam de maior atenção e sofrem quando esses materiais acabam”, afirmou.

Fátima disse ainda que até o final deste mês, o hospital terminará a implantação da radiografia digital, o que proporcionará uma economia grande com compras de películas e material para revelar Raios-x. “Alguém pode perguntar como é que temos dinheiro para comprar um equipamento desse tipo e não temos para comprar medicamentos, mas eu explico: são verbas diferentes. O Ministério da Saúde distribui verbas específicas, carimbadas, e eu só posso comprar aquilo para a qual ela se destina. Eu não posso desviar, sem vem para comprar copo, eu não posso comprar medicamentos”, explicou.

Servidores da Unicat têm ponto cortado

Completando um mês hoje, a greve da Unicat está comprometendo o abastecimento dos hospitais estaduais, mas os grevistas também estão sendo prejudicados. Eles reivindicam a manutenção da jornada e do horário de atendimento, a recomposição da força de trabalho e o fim do assédio moral na unidade. Também pediram uma audiência com o secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Fonseca, sem sucesso.

Além disso, oito servidores também tiveram o ponto cortados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública e 12 dias descontados no contracheque, o correspondente ao período entre os dias 01 e 12 de setembro. O descontou chegou a R$ 959,00, quase metade da remuneração. E todos os 65 foram deduzidos pela paralisação do dia 27 de agosto passado.

Segundo a coordenadora do Sindsaúde, Rosália Fernandes, os cortes foram ilegais porque houve desconto na folha de pagamento de dias em que os servidores ainda não haviam iniciado o movimento grevista. “Isso é um abuso, porque entre os dias 01 e 07, os servidores trabalharam normalmente, mas ainda assim, foram descontados com se já estivessem em greve. A nossa expectativa é que o Ministério Público, que está analisando se há ou não a necessidade de contratação de novos servidores, consiga mediar esse impasse, porque do jeito que está, não dá para ficar”, disse.

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