O líder opositor Juan Guaidó convocou a população
às ruas contra o regime e anunciou apoio de militares. Governo de Maduro fala
em tentativa de golpe. Crise no país provoca reações internacionais, inclusive
do Brasil
A Venezuela viveu horas de tensão, nesta
terça-feira (30), após a rebelião de um grupo de militares em apoio ao líder
opositor Juan Guaidó, algo que o governo de Nicolás Maduro denunciou como uma
"tentativa de golpe de Estado". As ruas da capital do país, Caracas,
foram tomadas por confrontos que deixaram ao menos 69 feridos. A situação teve
repercussões ao redor do mundo, e o Grupo de Lima, agrupamento de chanceleres
de países das Américas - incluindo o Brasil -, convocou uma reunião para
avaliar com urgência a crise no país na próxima sexta-feira (3).
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situação a família
Na madrugada de terça, os líderes da oposição
Juan Guaidó e Leopoldo López deram início a uma ação para tentar derrubar o
regime de Maduro. López, que estava em prisão domiciliar, foi para a rua ao
lado de Guaidó. Ambos se dirigiram para a base aérea de La Carlota, em Caracas,
onde anunciaram o apoio de militares dissidentes e convocaram a população a se
juntar a eles. Leopoldo López refugiou-se com a esposa e um de seus três filhos
na embaixada do Chile em Caracas.
"O momento é agora! Os 24 estados do país
tomaram o caminho: rua sem volta, o futuro é nosso: povo e forças armadas
unidos pelo cessar da usurpação", disse Guaidó no Twitter.
Apelo
Nicolás Maduro, por sua vez, disse que conta
com a "lealdade total" da liderança militar. "Nervos de Aço!
Falei com os comandantes de todos os Redi e Zodi do país, que manifestaram
total lealdade ao povo, à Constituição e à Pátria. Apelo à máxima mobilização
popular para garantir a vitória da Paz. Nós vamos ganhar!", afirmou no
Twitter, em sua primeira reação à rebelião.
Dez horas depois de anunciar o início da
rebelião na base aérea de La Carlota, em Caracas, Guaidó percorreu vários
pontos da cidade junto com alguns insurgentes. A ONG de direitos humanos Provea
relatou protestos em 22 dos 24 estados.
Segundo serviços de saúde, pelo menos 69
pessoas ficaram feridas, duas delas baleadas, durante as manifestações da
oposição. A imprensa local afirma que há um terceiro ferido por arma de fogo
nos protestos. O Governo denunciou que um militar leal a Maduro também foi baleado.
Um veículo blindado chegou a atropelar um grupo de opositores que protestavam
em frente a La Carlota, a base aérea onde Guaidó anunciou a revolta.
Líderes mundiais reagiram à rebelião na
Venezuela. Washington, que lidera a pressão internacional pela saída de Nicolás
Maduro do poder, imediatamente expressou apoio ao levante militar.
Sanções
"Os Estados Unidos apoiam o povo da
Venezuela e sua liberdade", afirmou o presidente norte-americano Donald
Trump. Ele também ameaçou aplicar um embargo "total" a Cuba, com
sanções, se o país não puser fim a seu apoio ao presidente venezuelano.
A União Europeia pediu "máxima
moderação" na crise de Venezuela. "A UE está acompanhando de perto os
últimos acontecimentos na Venezuela. Reiteramos que só pode ter uma saída
política, pacífica e democrática para as múltiplas crises que enfrenta o
país", afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, em
comunicado.
O secretário-geral da Organização dos Estados
Americanos (OEA), Luis Almagro, um dos primeiros a tornar público o seu apoio a
Guiadó, defendeu no Twitter que "é necessário o pleno apoio ao processo de
transição democrática de forma pacífica".
O embaixador da Venezuela na Organização das
Nações Unidas (ONU), Samuel Moncada, denunciou que os Estados Unidos e outros
países da região sabiam de antemão os planos de rebelião militar contra o
Governo de Nicolás Maduro e conspiraram para provocar "uma guerra
civil" no país.
Brasil
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro
manifestou apoio "ao processo de transição democrática" na Venezuela.
"O Brasil acompanha com bastante atenção a situação na Venezuela e
reafirma o seu apoio na transição democrática que se processa no país vizinho.
O Brasil está ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade
dos venezuelanos", escreveu, também no Twitter.
O presidente brasileiro ainda atendeu a pedido
de asilo político de 25 militares venezuelanos na embaixada do Brasil na
Venezuela. A informação foi confirmada pelo porta-voz da Presidência da
República, Otávio Rêgo Barros. Bolsonaro convocou uma reunião de emergência no
fim da manhã após o movimento da oposição do país vizinho.
Foto: AFP
diariodonordeste.verdesmares.com.br
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